De pés no chão, despida de estereótipos, e nua, eu ia escutando Cartola em uma
velha vitrola, aquela velha musica, que falava em procurar e se encontrar,
sorrir pra não chorar. E ia dando um vazio tão bom, que me engrandeciam já não
tinha motivos para reclamar, eu já não amava e amada então muito menos. Dançava
entre o corredor, ajeitava os cabelos no espelho do banheiro, e disparava mais
alguns passos a correr, como quem não espera ninguém chegar, exaltando o
sorriso de quem quer desejar, com os braços arrepiados, mas feliz por não ter a
quem lembrar.
Depois de olhos marejados tentando
descobrir os motivos pra tanto desolar, depois embrutecia o olhar, e disparava
mentalmente alguns palavrões... “Covardes, nem para me despirem a alma, nem
descobriram meu abrochar”. E depois sorria, pois no fundo sabia que
nascera para dançar sozinha, e destilar frases entorpecidas de sentimentos em
uma folha em branco. Surgia um poema, uma musica nova, depois era só declamar,
reclamar, e dançar. E assim virava o disco e agradecia a tristeza pela
inspiração e sorrindo ia dançando com a solidão.
Tauana Raio De Luar
#tauanaraiodeluar