terça-feira, 2 de junho de 2015

Essa é a ultima vez que escrevo sobre João.


            Voltando para casa, sentada em um ônibus de volta ao lar fadigado, eu sorria sozinha. Sorria porque me lembrei de que gostaria de contar o meu dia a João. Depois meus olhos encheram-se de agua, gosto salgado, mas não desfiz o sorriso. Contei para eu mesma, as novidades fora da rotina. Torci o nariz ao abrir a porta de casa, olhei para trás para verificar se de fato tinha fechado o portão. Costume esse que João deixará a de não ter certeza. Mas certeza ele tinha, foi ai que fui desfazendo o sorriso, fechando as janelas, guardando as lembranças. E acendendo o cigarro. A vizinha foi logo adentrando com uma ligeira novidade, teu desamor já tem outro amor. Ai remoí de curiosidade e deixei a cobra entrelaçar meu peito. Diz a fofoqueira, que ele dorme com a moça com o travesseiro que dei, com a coberta que ainda não paguei.

           Sou passarinho de asa quebrada, que já não consegue voar. Mas sabe que a partir de agora precisa ir em frente. Sabe que do mundo não se pode esperar muita coisa, além das voltas que o próprio dá. Não me dou mais o direito a canção, nem a sentimentos. Nunca fui de meninices, mas dessa vez chorava, feito criança que foi tirado o doce. Meu corpo febril já não descansa, não sabe como os sonhos lhes podem ser dignos. Sofrer por quem? Por amor já repartido, ido, de adeus, e sem retornos, já não valeria a pena. Quem mudou de casa foi o desamor, de nada adianta deixar as portas e janelas abertas, o desamor já tem outro amor.


                               Tauana Raio de Luar
                                #tauanaraiodeluar

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