Voltando para casa, sentada em um ônibus de volta ao lar fadigado,
eu sorria sozinha. Sorria porque me lembrei de que gostaria de contar o meu dia
a João. Depois meus olhos encheram-se de agua, gosto salgado, mas não desfiz o
sorriso. Contei para eu mesma, as novidades fora da rotina. Torci o nariz ao
abrir a porta de casa, olhei para trás para verificar se de fato tinha fechado
o portão. Costume esse que João deixará a de não ter certeza. Mas certeza ele
tinha, foi ai que fui desfazendo o sorriso, fechando as janelas, guardando as
lembranças. E acendendo o cigarro. A vizinha foi logo adentrando com uma
ligeira novidade, teu desamor já tem outro amor. Ai remoí de curiosidade e
deixei a cobra entrelaçar meu peito. Diz a fofoqueira, que ele dorme com a moça
com o travesseiro que dei, com a coberta que ainda não paguei.
Sou passarinho de asa quebrada, que já não consegue voar.
Mas sabe que a partir de agora precisa ir em frente. Sabe que do mundo não se
pode esperar muita coisa, além das voltas que o próprio dá. Não me dou mais o
direito a canção, nem a sentimentos. Nunca fui de meninices, mas dessa vez chorava,
feito criança que foi tirado o doce. Meu corpo febril já não descansa, não sabe
como os sonhos lhes podem ser dignos. Sofrer por quem? Por amor já repartido,
ido, de adeus, e sem retornos, já não valeria a pena. Quem mudou de casa foi o
desamor, de nada adianta deixar as portas e janelas abertas, o desamor já tem outro
amor.
Tauana Raio de Luar
#tauanaraiodeluar
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